Pensar no futuro dos negócios e dos profissionais é de extrema importância e é uma urgência, mas não sem antes repensar a origem que define o futuro desse mercado: a Educação. Estará a Educação a evoluir à mesma velocidade das TI, da Indústria e de outros setores? Estamos realmente a preparar os nossos jovens para os desafios de um futuro que ainda não sabemos bem como será?
Várias entidades públicas e privadas, como empresas ou instituições de ensino, e vários entendidos na área das TI, da Educação, da Indústria, entre muitos outros setores importantes, apontam a Inteligência Artificial (IA) como a principal tendência, não para o futuro, mas para ontem, ou seja, o comboio já saiu da estação e a um ritmo sem precedentes.
Todos os dias se fala em IA e as marcas começam já a utilizar plataformas e dispositivos com a tecnologia, para responder a múltiplos desafios do quotidiano dos negócios e da vida em geral. Para muitos, esta evolução e, em especial, a evolução da autonomia e da inteligência das máquinas, representa uma ameaça ao futuro do trabalho. Obriga-nos a pensar se estamos a caminhar para uma fase de adaptação, em que milhares, senão milhões de pessoas, poderão ficar sem emprego. Ou será apenas o medo da mudança que nos atrapalha e nos impede de adaptar às novas realidades da indústria?
O que é que nos distingue das máquinas, afinal? Existe muito a dizer sobre aquilo que faz de nós humanos, mas a evolução das máquinas tem sido tão apressada, que muitas vezes nos leva a levantar questões filosóficas. Aliás, Isaac Asimov já tem vindo a levantar essas questões desde os anos 50, por isso, como poderíamos nós, em 2021, pensar que isto é matéria nova? Ninguém é capaz de viajar no tempo, é certo, nem ver como será o futuro, mas é possível traçar linhas de tendência que nos indiquem qual o caminho que devemos seguir. Esse caminho, hoje, é capacitar os mais novos com ferramentas e conceitos que serão muito mais importantes no seu futuro profissional, do que os títulos e os currículos do século passado.
Nos dias que correm, essa ideia é já uma realidade, mas no futuro será essencial, porque aquilo que as máquinas ainda estão muito longe de atingir ou superar são as nossas capacidades de comunicação, partilha, inteligência emocional e criatividade. É o que nos define como seres humanos… por enquanto.
As Soft Skills e as Novas Gerações
As soft skills são competências sociais, relativas ao comportamento do indivíduo. São capacidades inatas e mais emocionais do que racionais, porém, é possível aprender a desenvolver essas capacidades, tal como as hard skills (conhecimento técnico).
A inteligência emocional, por exemplo, é uma capacidade inata – uns têm mais, outros menos – mas todos somos capazes de aprender a desenvolvê-la, treinando o comportamento para responder em diferentes situações. Outras soft skills, como a cidadania, são capacidades fundamentais à vida do indivíduo e devem ser desenvolvidas desde cedo na escola (mas sem o fazer de forma direta nem expor ideias ou conceitos de forma teórica). O que os especialistas recomendam é que essas capacidades sejam desenvolvidas no dia a dia através do contacto com os colegas e em dinâmicas de aprendizagem, para que o aluno as coloque em prática sem pensar que o está a fazer. A melhor forma de aprender é viver experiências e é nisso que os professores dos Laboratórios Inovadores de Aprendizagem se baseiam para planear as suas aulas.
Sem mais delongas, e agora que já entende o que são soft skills, passamos ao que interessa. Conheça as 5 competências que consideramos mais importantes para os novas gerações começarem já a desenvolver no seu percurso académico.
5 Competências Importantes para os Profissionais do Futuro
1 – Capacidade de Resolução de Problemas e Pensamento Crítico
Esta é uma das capacidades mais valorizadas em disciplinas STEAM, uma vez que os exercícios são encarados como desafios e não como conceitos ou esquemas que têm de ser memorizados. Deixar os alunos pensar por si próprios e dar-lhes espaço para criar as suas próprias soluções para o proposto, permite estimular a criatividade, reduz o sentimento de fracasso ou derrota e ajuda a que haja uma maior interação entre alunos, que se ajudam mutuamente a evoluir. Afinal, não há melhor forma de aprender do que fazer e fazendo-o em conjunto com outras mentes brilhantes, melhor ainda.
Dica: Aplique conceitos da Educação STEAM nas suas aulas. Esqueça os manuais, os testes, os powerpoints, ou as apresentações orais com temas previamente enunciados. Experimente lançar desafios para os mais novos resolverem, como utilizar a IA de um um robot para fazer alguma ação. A utilização do robot não tem de se limitar às funções que vêm no manual de instruções, ou das lições disponíveis nos portais. Com um pouco de imaginação, tudo é possível. Ensine já aos mais pequenos os conceitos de IA, programação, lógica, resolução de problemas e pensamento crítico com recursos STEAM.
2 – Autoconhecimento e Inteligência Emocional
A inteligência emocional é talvez a mais difícil de se ensinar e também a mais difícil para os alunos trabalharem. Nem todos os professores conseguem fazê-lo da melhor forma, porque eles próprios pouco trabalham a sua inteligência emocional. Esta é uma capacidade que hoje em dia falha nos locais de trabalho e cuja importância sempre foi reconhecida. A diferença é que, quem nasce com esta capacidade mais desenvolvida tem mais sucesso do que aqueles que nunca sequer pensaram que poderiam trabalhá-la.
Dica: Experimente fomentar debates em aula com temas mais suscetíveis de provocar discussão. Ao ter de lidar com a pressão da opinião do outro, o aluno terá de desenvolver a capacidade de comunicar a sua opinião de forma assertiva, calma e estruturada. Imagine exercícios em que os alunos possam lidar com o stress ou com situações mais intensas.
3 – Trabalho em Equipa
Olhando em redor, desafiamo-lo a pensar se identifica alguém que, pura e simplesmente, não sabe trabalhar em equipa. É aquele colega que não delega funções, que esconde o seu processo de trabalho para que ninguém veja como atingiu os seus resultados, que julga o trabalho dos outros ou até desconfia da qualidade do trabalho dos colegas. Essa pessoa não tem capacidades de trabalho em equipa e existem mais pessoas com este défice do que pode imaginar.
Até agora, a escola e as atividades extra curriculares ensinaram-nos a querer ser melhor do que os outros, portanto, ensinaram-nos a desenvolver capacidades competitivas (e isso arrasta-se pelo resto da vida adulta). Ensinaram-nos a querer ser o melhor, o mais rápido, o mais inteligente, o mais bonito, o mais divertido… mas será que foram desafiadas a desenvolver as suas capacidades colaborativas? Então e aqueles trabalhos de grupo em que um ou dois colegas trabalham e os outros vão à boleia? Será aqui apenas um problema de preguiça? Pode não ser. Se houver desconfiança da capacidade dos colegas, vai haver preferência para que alguns elementos mantenham a inércia, para não estragar a nota. Logo, mesmo que o trabalho seja bom e bem feito, na gestão do trabalho em equipa, a nota é zero.
Dica: Não basta fazer trabalhos de grupo, ou lançar um desafio e esperar que a relação entre os alunos seja perfeita. Há que saber avaliar a forma como se relacionam e criam sinergias. Nunca um aluno se deve sentir mal por não participar num trabalho porque o aluno “líder” do grupo (o que tem melhores notas) desconfia das suas qualidades e prefere fazer a sua parte, garantindo que o trabalho fica bem feito. Neste caso, cabe ao professor e orientador das mentes dos jovens, implementar a ideia de que os alunos que dominam mais certas matérias podem e devem ajudar os colegas com mais dificuldades a obter melhores resultados. Desta forma, o aluno com mais dificuldades entende que, ficando no grupo com o colega que domina a matéria, terá a oportunidade de aprender com ele. Ou pode esta questão depender das aptidões dos alunos. O aluno que gosta e consegue fazer uma melhor pesquisa irá trabalhar melhor com um colega que goste mais de escrever, por exemplo. Os alunos complementam as suas capacidades, dando o seu melhor naquilo que mais gostam e para o qual têm mais aptidão.
4 – Capacidade de Comunicação
Quantas vezes no dia a dia de trabalho detetamos falhas simples de comunicação entre colegas ou com as chefias? É um clássico dos problemas do ser humano e é a base para muitos outros conflitos que vêm a seguir. A comunicação depende sempre da interpretação dos recetores e essa é impossível de controlar, por isso, há que saber comunicar. Para além disso, comunicar com os colegas em privado, ou comunicar para uma audiência não é a mesma coisa, por isso, os alunos devem preparar-se para diferentes situações em que a forma como se expressam é essencial para o seu sucesso profissional e/ou pessoal.
Dica: Crie atividades que fomentem a interação entre alunos e lance desafios e jogos de comunicação para que entendam a sua importância e, acima de tudo, entendam que a origem dos problemas de comunicação não estão sempre no recetor. O jogo do telefone nunca fica fora de moda.
As apresentações orais são muito importantes para o percurso académico, especialmente no ensino superior, mas será que chegamos lá preparados para enfrentar audiências de mais de 100 pessoas, que, ainda para mais, sabem tanto quanto nós? Será que preparamos os mais pequenos para falar em público de forma eficaz e sem ler os powerpoints ou os apontamentos? Avalie, não só o conteúdo da apresentação, mas a forma como é apresentada. Aulas de teatro são uma ótima forma de treinar a comunicação em público, porque os atores aplicam várias técnicas de colocação de voz, postura e ênfase nas palavras que são bastante úteis.
5 – Literacia Financeira e Análise De Dados
Estas duas competências são importantíssimas para o futuro dos estudantes de hoje, que serão os profissionais de amanhã. A literacia financeira é hoje reconhecida como uma capacidade que não deve caber apenas aos estudantes de economia, contabilidade ou gestão, mas sim a todos os estudantes. Um dia as crianças crescem e tornam-se adultos que não sabem o que são taxas, impostos, débitos, créditos, investimentos, inflação, entre outros temas que nos assombram sempre que damos um passo importante na vida, como comprar casa ou carro.
A análise de dados é tão importante nos dias que correm como a programação ou o pensamento crítico, uma vez que já se nota a falta de competências dos profissionais de hoje, que lidam com Big Data. Imagine, no futuro, com a quantidade de dados gerados a triplicar todos os anos a nível mundial, como poderão os profissionais lidar com isso sem ter bases? Novas funções e novos empregos terão de surgir para garantir que esses dados sejam recolhidos, organizados, analisados e apresentados de forma correta. Sem dados, ou com análises enviesadas, tomamos más decisões, por isso, cabe-nos a nós, hoje, dotar os mais novos com capacidades que lhes permitirão ser melhores seres humanos, melhores profissionais e tomar melhores decisões, sempre em conjunto.
Dica: Se o plano de estudos não contemplar estas questões, tente incluí-las em jogos e desafios. Dessa forma, os alunos começam a entender e a familiarizar-se com estes temas, através da curiosidade da aproximação à realidade da vida adulta. Se os alunos sentirem que esses conteúdos são úteis para o seu futuro, irão absorver cada minuto das aulas.
Não cabe apenas aos professores e à Escola educar as novas gerações, nem tampouco prepará-los para a vida adulta. A família desempenha aqui um papel fundamental no crescimento e educação da criança, sem dúvida. Mas será sensato pensar que todas as crianças têm o mesmo acesso à informação, à educação, à cultura? Qual será, afinal, o papel da Escola na nossa sociedade? Como podemos formar melhores seres humanos e como podemos garantir o sucesso dos profissionais de amanhã?
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